terça-feira, 22 de julho de 2008

Palavras

O livro A Menina que Roubava Livros (The Book Thief, em inglês), que acabo de terminar, merece realmente ser lido. Nas 3 primeiras páginas eu não estava entendendo nada, até que notei na contra-capa que a história é contada pela Morte, com uma escrita muito interessante e peculiar. Tive que começar tudo de novo e aí fui tomando gosto. Contrariamente ao que possa parecer, não tem nada de mórbido. Tendo como pano de fundo a 2a Guerra Mundial, e todo o sofrimento por ela causado, o autor fala, acima de tudo, do poder da palavra. A menina protagonista, que passa por alguns infortúnios, vai se apegando cada vez mais aos livros. Sem condição de comprá-los, encontra/provoca situações que lhe permitem roubá-los. O próprio Hitler é um (péssimo) exemplo de alguém que mudou o mundo (isso ninguém pode negar) através das palavras. Veja um trecho do livro:

Sim, o Füher decidiu que dominaria o mundo com palavras. "Jamais dispararei uma arma", concebeu. Não precisarei fazê-lo. Mesmo assim não se precipitou. Reconheçamos nele ao menos isso. Ele não tinha nada de burro. Seu primeiro plano de ataque foi plantar as palavras em tantas áreas da sua terra natal quantas fosse possível. Plantou-as dia e noite, e as cultivou.
Observou-as crescer, até que grandes florestas de palavras acabaram crescendo por toda a Alemanha. Era uma nação de pensamentos cultivados.

Fica a sugestão de leitura, mas esse post é mesmo sobre palavras.

No mundo de hoje, cercados de tecnologia, fico meio preocupado com as futuras gerações. Além de TV e DVD, MSNs, e-mails, celulares, Orkuts e YouTubes da vida, será que as pessoas investirão (essa é o termo mais apropriado) tempo para ler um bom livro? E a escrita? Adeus à acentuação, gramática, concordância, .... Viva os Emoticons e o "internetês". Ler e escrever bem faz diferença (quantas "pedradas" você vê no seu dia a dia, vinda de pessoas supostamente "cultas" e bem-educadas?). Muita gente não passa em concursos públicos por causa de deficiência em Português (pior é que as provas agora nem tem mais Redação!). A transferência de conhecimento e cultura ainda se dá muito pela palavra falada e, principalmente, escrita.

Que exemplos estamos dando a nossos filhos?
Estamos estimulando neles o hábito da leitura? Que tipos de pessoas/profissionais estamos ajudando a formar?

Vou ficando por aqui, ressaltando este belo exemplo de como nunca é tarde para dar valor às palavras: Uma colega auditora da Receita Federal do Brasil, ainda na ativa, começou a escrever poesias aos 80 anos de idade e está prestes a publicar um livro. Conversamos um pouco há alguns meses (tive o prazer de ouvir algumas de suas poesias) e escrevi isto em homenagem a ela:

Feliz Regina

Meu filho
De três anos
Já se interessa
Pela Escrita

Nem sabe ainda
O quanto as letras
Juntas
Ficam bonitas

Eu
Aos dezoito
Num rompante
Criativo

Fui soltando
O meu verbo
E vou sentindo
Que estou vivo

Minha amiga
Aos oitenta
Atacou
De poetisa

Escrevendo...

Sobre a lua
Sobre o vento
E os amores
Desta vida

Nos miremos
Neste exemplo
E na luz
Desta menina

O papel
É o seu palco
Claire
Feliz
Regina

domingo, 20 de julho de 2008

Tempo

Amigo
Ou inimigo
Carrasco
Ou aliado
O certo
É que o Tempo
Passa tão rápido
Que não dá Tempo
De perceber
Que o Futuro
Já é Presente
E que o Presente
Já é Passado

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O Tamanho da Corda

A metáfora da corda é usada em várias situações, mais comumente na família e no trabalho. Pais/chefes mais rigorosos/controladores mantém os filhos/empregados "na corda curta e esticada" o tempo todo, enquanto os mais permissivos tendem a mantê-la mais longa e frouxa. Como tudo na vida, existem prós e contras em ambas as abordagens. Então, fica sempre a dúvida, qual o tamanho ideal da corda? Resposta óbvia: depende. Da circunstância, do nível de confiança, dos riscos envolvidos, do prazo, das consequencias, do tipo de atividade, enfim, de uma série de fatores que devem ser analisados caso a caso. Usando o contexto do ambiente de trabalho, mais focando nos perfis gerenciais, vamos pensar um pouco sobre o assunto.

Tem gerente que acredita (esse prefiro chamar de chefe) que as coisas só acontecem porque ele fica o tempo todo "em cima", cobrando seus subordinados. Ele se acha insubstituível e fica feliz de ver todo mundo recorrendo a ele. Se sente importante. Seu telefone não para de tocar nem nas férias. Ele centraliza tudo, portanto mais ninguém na equipe tem a informação completa. Todos dependem dele. Esse é do tipo corda curta, que tem dificuldades de delegar e confiar nas pessoas, muitas vezes porque é extremamente perfeccionista. Essa equipe até produzirá resultados, mas terá pouco espaço para criatividade e inovação, pois não possui autonomia.

O outro lado da moeda é o gerente tipo laissez faire, laissez passer (deixai fazer, deixai passar). Ele dá pouco direcionamento, delega muito e cobra pouco. Tem dificuldades de dizer não e prefere evitar os conflitos. O corda frouxa pode ser útil numa equipe altamente competente e coesa, onde se tem maior auto-gestão do tempo. O efeito colateral é deixar as pessoas desorientadas, sem saber muito onde estão e pra onde vão. Os mais "descansados" podem se aproveitar dessa liberdade e "abusar" da confiança. Isso pode fazer com que os mais comprometidos se sobrecarreguem, e comecem a ficar insatisfeitos, aí os problemas vão aparecendo.

Acredito que no fundo cada um de nós tem uma tendência a um dos extremos, mas acho que o equilíbrio é a melhor escolha. Existe um tamanho de corda certo para cada membro do time, em cada momento. Tem gente que precisa muito de ordem e direção: Para eles, corda curta no início, soltando à medida que ganham auto-confiança e segurança naquilo que estão fazendo. Outros detestam controles excessivos, pois são muito dinâmicos e inovadores: Corda mais longa e solta, mas de vez em quando uns puxões para não perder o controle. Em fases iniciais de projetos complexos, com foco maior em planejamento, corda curta para que todos se envolvam no pensar como fazer. Na fase de execução, solta a corda mais um pouco, para dividir responsabilidades e desonerar o líder, que manterá o controle através dos acompanhamentos periódicos.

Longe de querer propor uma "receita de bolo", o recado aqui é devemos monitorar constantemente qual o tamanho da corda necessário para cada pessoa/situação. É como se fôssemos um polvo, com N tentáculos feitos de um elástico especial com alta resistência e poder de elasticidade (ora cabo de aço, ora corda de bungee jump). Cada pessoa é única, então devemos tratá-las todas com justiça, mas não de forma igual. Dá trabalho, mas é recompensador quando sentimos os reflexos positivos na motivação da cada um.

sábado, 5 de julho de 2008

Crazy

Não consigo
Escrever
O que penso

Não consigo
Dizer
O que sinto

Não consigo
Pensar
O que digo

Não consigo
Sentir
O que escrevo

Não consigo
Pensar no que escrevo
Nem sentir o que digo

Melhor não
Escrever
Nem Sentir
Nem Dizer
Nem Pensar

Melhor eu ir me deitar....

Ensaios Poéticos

Tenho algumas coisas escritas e resolvi publicá-las aqui, aos poucos, quando der vontade. Vou começar com uma das que mais gosto, que reflete um momento bem confuso que passei há alguns anos. Daqui em diante, toda vez que aparecer alguma poesia solta, ela será de minha autoria (ao menos que eu cite explicitamente a fonte). Não pretendo explicar o contexto nem informar quando as poesias foram feitas, mas terei prazer em receber feedbacks.