A metáfora da corda é usada em várias situações, mais comumente na família e no trabalho. Pais/chefes mais rigorosos/controladores mantém os filhos/empregados "na corda curta e esticada" o tempo todo, enquanto os mais permissivos tendem a mantê-la mais longa e frouxa. Como tudo na vida, existem prós e contras em ambas as abordagens. Então, fica sempre a dúvida, qual o tamanho ideal da corda? Resposta óbvia: depende. Da circunstância, do nível de confiança, dos riscos envolvidos, do prazo, das consequencias, do tipo de atividade, enfim, de uma série de fatores que devem ser analisados caso a caso. Usando o contexto do ambiente de trabalho, mais focando nos perfis gerenciais, vamos pensar um pouco sobre o assunto.
Tem gerente que acredita (esse prefiro chamar de chefe) que as coisas só acontecem porque ele fica o tempo todo "em cima", cobrando seus subordinados. Ele se acha insubstituível e fica feliz de ver todo mundo recorrendo a ele. Se sente importante. Seu telefone não para de tocar nem nas férias. Ele centraliza tudo, portanto mais ninguém na equipe tem a informação completa. Todos dependem dele. Esse é do tipo corda curta, que tem dificuldades de delegar e confiar nas pessoas, muitas vezes porque é extremamente perfeccionista. Essa equipe até produzirá resultados, mas terá pouco espaço para criatividade e inovação, pois não possui autonomia.
O outro lado da moeda é o gerente tipo laissez faire, laissez passer (deixai fazer, deixai passar). Ele dá pouco direcionamento, delega muito e cobra pouco. Tem dificuldades de dizer não e prefere evitar os conflitos. O corda frouxa pode ser útil numa equipe altamente competente e coesa, onde se tem maior auto-gestão do tempo. O efeito colateral é deixar as pessoas desorientadas, sem saber muito onde estão e pra onde vão. Os mais "descansados" podem se aproveitar dessa liberdade e "abusar" da confiança. Isso pode fazer com que os mais comprometidos se sobrecarreguem, e comecem a ficar insatisfeitos, aí os problemas vão aparecendo.
Acredito que no fundo cada um de nós tem uma tendência a um dos extremos, mas acho que o equilíbrio é a melhor escolha. Existe um tamanho de corda certo para cada membro do time, em cada momento. Tem gente que precisa muito de ordem e direção: Para eles, corda curta no início, soltando à medida que ganham auto-confiança e segurança naquilo que estão fazendo. Outros detestam controles excessivos, pois são muito dinâmicos e inovadores: Corda mais longa e solta, mas de vez em quando uns puxões para não perder o controle. Em fases iniciais de projetos complexos, com foco maior em planejamento, corda curta para que todos se envolvam no pensar como fazer. Na fase de execução, solta a corda mais um pouco, para dividir responsabilidades e desonerar o líder, que manterá o controle através dos acompanhamentos periódicos.
Longe de querer propor uma "receita de bolo", o recado aqui é devemos monitorar constantemente qual o tamanho da corda necessário para cada pessoa/situação. É como se fôssemos um polvo, com N tentáculos feitos de um elástico especial com alta resistência e poder de elasticidade (ora cabo de aço, ora corda de bungee jump). Cada pessoa é única, então devemos tratá-las todas com justiça, mas não de forma igual. Dá trabalho, mas é recompensador quando sentimos os reflexos positivos na motivação da cada um.
Nenhum comentário:
Postar um comentário