domingo, 29 de junho de 2008

AAAA - Associação dos Aplaudidores de Artistas Anônimos

Desde minha adolescência tenho uma certa compaixão por cantores/artistas que se apresentam para um público que não está nem aí para eles. Cantando em churrascarias, restaurantes, praças de alimentação de shopping, enfim, em locais onde eles não são nem de longe a atração principal. São "música ambiente", quase invisíveis. Se esforçam tanto (e às vezes são até muito bons!) para ganhar quando muito meia dúzia de aplausos de vez em quando. E ainda tem que aguentar aqueles bêbados chatos pedindo 200 vezes a mesma música.... Que vida difícil.

Com frequencia sinto vontade sincera de aplaudir, não por caridade, mas sim como um reconhecimento pelo esforço e talento deles. Mas nem sempre faço, por que é meio constrangedor bater palma sozinho (lembrei de um colega que fez isso - assim me contaram - num pequeníssimo intervalo de uma obra de Villa-Lobos. Olharam para ele com uma cara...) mesmo sabendo que palmas são iguais a bocejo. Um puxa outro. E a gente percebe nas expressões faciais dos artistas o quanto um aplauso faz bem para eles...

Mas resolvi escrever esse post porque sou obrigado a ouvir quase toda noite pseudo-artistas cantando num Karaokê que fica perto do meu prédio. Agora mesmo tem uma "Celine Dion" cantando a música de Titanic (vê como sofro?!). Minino, ..., é cada coisa... O pior é que tenho a impressão que sempre são as mesmas pessoas, e cantando as mesmas músicas, com a mesma desafinação. Tem um que canta sempre "É Isso Aí" aquela adaptação música de Damien Rice, na voz de Ana Carolina e Seu Jorge (eu até gostava da música, mas tô tomando ginge). Eles estão passando do limite!

Para esses, aqui pra nós, nem pagando ($) os aplaudidores oficiais da AAAA conseguiriam bater palmas...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Peopleware: Resolvendo Conflitos

Em 1992 entrei na Universidade Católica de Salvador para fazer o curso de Bacharelado em Informática. Além de vídeo-games (Odissey, Atari, Intelevision, MSX, ..., lembra disso!?) eu tinha tomado um curso de Basic com 11 anos e dos 15 aos 17 trabalhei com meu pai na agência Orixá Viagens, onde digitava um bocado de coisa (bilhetes aéreos, fluxo de caixa) usando um XT e uns programas feitos por meu ele usando o Software Open Access II, uma espécie de suíte de escritórios para MS-DOS. Eu nunca tinha ouvido falar numa tal de Análise de Sistemas e tinha a ilusão de que iria trabalhar com computadores. Estava redondamente enganado.

Quanto mais a gente evolui na carreira percebemos que o tempo todo temos que interagir com chefes, colegas, subordinados, clientes e fornecedores. A habilidade de trabalhar bem em equipe torna-se, portanto, fundamental. Comumente bons técnicos se vêem assumindo funções gerenciais, o que aconteceu comigo desde 2003, liderando equipes de 10 a 15 pessoas, e a partir de 2006 cuidando de um área inteira, hoje com quase 90. Aí é que a gente vai descobrindo que software e hardware, por mais complicados que possam parecer, a gente resolve sem grandes traumas. É só comandar corretamente que eles obedecem (bem, ..., nem tanto, mas aí a gente reinicializa e fica tudo bem). Agora, o que dá trabalho mesmo, e às vezes suga nossas energias, é o peopleware.

Cotidianamente precisamos lidar com a resolução de conflitos entre membros do time. Com treinamentos, leituras, conselhos, cursos de extensão, a gente vai aprendendo algumas coisas. O PMBOK, por exemplo, apresenta algumas técnicas, que listo abaixo (texto extraído deste resumo) em ordem da menos para a mais recomendada:
  • Força [Forcing] - Uma das partes força a outra a concordar através do poder. Raramente produz o melhor resultado, uma vez que não foi gerado compromisso entre os envolvidos no conflito. Mais utilizada quando o tempo é crítico.
  • Retirada [Withdrawal] - Conviver com o problema sem, aparentemente, tomar conhecimento do mesmo, ou seja, evitar ou postergar indefinidamente a sua resolução. Objetiva fazer a regressão do conflito a partir da desistência de uma das partes, mesmo que não haja consenso.
  • Panos Quentes [Smoothing] - Busca de uma solução (reduzindo o tamanho do problema) priorizando a necessidade das partes envolvidas entrarem em acordo, mais do que a própria necessidade de resolver o conflito.
  • Compromisso ou Negociação [Compromise] - Busca de uma solução que satisfaça um pouco a cada uma das partes envolvidas. Usada quando existe uma tendência de cada uma das partes possa abrir mão de determinados posicionamentos.
  • Solução de Problemas, Confronto ou Colaboração [Problem Solving or Confrontation] - Colocar os envolvidos no conflito frente a frente, ou influenciar que isto ocorra. Desta forma poderão juntos identificar a causa-raiz e chegar a uma solução de consenso.
É interessante conhecer essas técnicas e saber o momento de aplicá-las (tem hora adequada para tudo), mas a experiência adquirida com a prática também nos ensina bastante. Aqui registro 3 lições que venho assimilando com o tempo:

1) Nunca acredite na primeira versão - não existem verdades absolutas; cada um representa a realidade conforme sua ótica, valores e crenças. Procure ouvir (eu disse ouvir, e não ficar interrompendo, dando opinião) com atenção as partes envolvidas para formar a sua própria interpretação do ocorrido. Também é bom tentar fazer cada um se colocar no lugar do outro. É como diz esta frase da música "Eu era um lobisomem juvenil", de Renato Russo: Todos têm suas próprias razões.

2) Não se discute coisa séria por meio eletrônico - tenho visto vários e vários casos de conflitos causados pela (má) escrita. Quem escreve está num estado de espírito que não necessariamente corresponde ao do leitor. Retrucar de bate-pronto um e-mail que à primeira vista não caiu bem pode ser um grave erro e só joga lenha na fogueira.

3) Nada substitui o contato pessoal - As pessoas devem, preferencialmente de "cabeça fria" em algum momento posterior ao "sangue quente" (mas não tão longe, para não perder o timing) procurar dizer pessoalmente (se não for possível, pelo menos por telefone) o que lhes incomoda, exercitando o feedback. É importante cada um ser específico, se atendo a fatos ocorridos , expressando como se sentiram na situação. Se bem aproveitado esse momento as relações só tendem a se fortalecer.

Espero que as dicas lhe sejam úteis e até a próxima!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Qualidade + Software + Livre

Embora eu tenha um maior envolvimento com Processos de Software desde 2002, participei de apenas 2 Simpósios Brasileiros de Qualidade de Software. Em 2006 (Vila Velha) e 2008 (Florianópolis). Das duas vezes fiquei muito satisfeito com a organização e a qualidade técnica dos artigos apresentados, além de, é claro, da beleza das cidades escolhidas. A gente sai do evento com bastante idéia e muito material para ler, afinal temos em mãos os anais do evento.

Desde 2006, no entanto, saí com uma pulga atrás da orelha. Por várias vezes os trabalhos produzidos são fruto de dissertações de mestrado e teses de doutorado, de quando em vez propondo novas ferramentas para atacar algum problema em aberto no campo da engenharia de software. Fiquei com a sensação de ter ouvido muito o termo "minha ferramenta", quase nunca sendo divulgado onde posso obter o link para download do código-fonte, sequer do binário (sempre havia melhorias a fazer, eles deviam usar a filosofia do VO). Achei que era coisa da minha cabeça, mas em 2008 continuo com a mesma impressão. Tomara que eu esteja errado.

A questão que fica martelando é: Se um dos objetivos da academia é estimular a pesquisa e o compartilhamento de conhecimentos, por que os códigos-fontes gerado ficam "debaixo do braço" dos seus autores? Ou então, por se tratarem de projetos grandes de professores/orientadores, cada orientando faz um pedaço e o código fica dentro da universidade. Essa é a lógica? Se forem instituições privadas, vá lá, mas e quando é o governo que está bancando?

Se isso realmente ocorre, por que será? Vaidade dos orientadores? Dos orientandos? É um problema cultural? Ou é apenas por que o mundo evoluiu e as universidades ainda não conseguiram acompanhar na velocidade desejada? O que falta para mudar esse cenário?

A última vez que estive no meio acadêmico foi 2004/2005, num MBA em Administração, portanto realmente não tenho conhecimento de causa para tratar deste ramo. Mas, meu envolvimento com comunidades Java, software livre e trabalho colaborativo não me permitem a omissão. Tenho visto o governo brasileiro estimulando as empresas públicas a usar e produzir software de código aberto. O mesmo deveria ocorrer com as universidades públicas: A regra seria disponibilizar todo o código sob licença livre, escolhendo-se a mais adequada para cada caso, ou então até criando um novo tipo para projetos oriundos do ensino. Sei que existirão exceções, decorrente de convênios empresa x universidade ou de instituições auto-sustentáveis que obtém rendas através de consultoria (mesmo essas, não precisariam lucrar com licenciamento, afinal as obras são produzidas como fruto de pesquisa), mas isso não é desculpa para produzir tão pouco.

Já imaginou o benefício que esse direcionamento poderia trazer? Logo de cara diminuiria um aparente distanciamento entre o meio acadêmico e o software livre. Mestres e discípulos seriam meio que obrigados a compreender melhor esse mundo. Temas ligados a Processos, Qualidade e Engenharia de Software se tornariam mais comuns nas comunidades, e vice-versa. Ouviríamos mais sobre Software Livre no SBQS. Veríamos mais fundamentação acadêmica no FISL.

Se você possui algo a contribuir, gostaria muito de ouvir sua opinião, principalmente se tiver contra-exemplos (eu mesmo tenho um: A Incubadora Virtual) para me mostrar que estou enganado, que o cenário é melhor do que estou enxergando. Do contrário, se nada for feito, continuaremos com muito código fechado e perderemos grandes oportunidades de inovação.

domingo, 8 de junho de 2008

Blog++

Esse negócio de blog vicia... Depois de bazedral.blogspot.com e javabahia.blogspot.com, blogs de temas específicos relativos a trabalho colaborativo e Java, respectivamente, comecei a sentir necessidade de expressar opiniões e sentimentos sobre temas diversos. Para não desvirtuar os outros dois, resolvi então criar meu blog pessoal. Até pensei em alguns nomes, mas caí no lugar comum e o batizei de sergerehem.blogspot.com mesmo.

Espere de tudo: Software, música, cultura, poesia, esporte, ...., enfim, vamos ver onde isso vai dar.

Até!