Quando soube que um filme baseado no livro seria lançado, pensei: "como será que o diretor vai interpretar as minhas imagens?". Ontem assisti o filme no cinema. Na minha opinião, o brasileiro Fernando Meirelles não decepcionou nadinha. Muito pelo contrário, o jogo de iluminação, fotografia e câmeras é impressionante. O efeito "leitoso" para retratar a "cegueira branca" foi um toque genial. E a discreta (fantástico aquele "plim" na hora que cada um fica cego), mas marcante, trilha sonora, funciona muito bem. É raro um filme conseguir não ficar aquém do livro. Na opinião de um leigo, apenas apreciador de filmes e literatura, Meirelles conseguiu. Filmaço!A cegueira coletiva, retratada por Saramago, reduz o homem à categoria animal. Luta-se apenas para comer e sobreviver. Dinheiro, diploma, título, cargo, nem mesmo seu nome, te faz melhor nem pior que ninguém. Pauleira é o fardo da mulher do médico, no filme interpretada por Julianne Moore, a única que continua a enxergar. Ver toda aquela degradação humana talvez seja até pior do que estar cego. Isso tudo no mínimo te faz pensar sobre sua forma de ver o mundo.
No livro ou no filme, é clara a metáfora quanto a epidemia de cegueira do mundo de hoje. Cegueira de valores, de compaixão, de honestidade, de caráter, de respeito, de solidariedade, de amor. Assista, leia, e procure enxergar com seus próprios olhos, formando a sua visão. Vale a pena.

