O Bodyboarding em Minha Vida

Comecei a pegar onda com uns 12 anos. Eu e Alexandre Reis, grande amigo, cada um com metade de uma prancha de surf partida ao meio, "shapeada" pela Maui Surfboards. A minha parte era a de baixo, as cores de uma manga rosa e duas quilhas perigosas, pontudas e pretas. Pés-de-pato daqueles de mergulho, acho que era Aqualung. Bisonho, né? Mas já dava para descer umas espumas.... Depois fomos melhorando, eu com uma Morey Boogie 140, ele com uma Invicta cheia de visual, que fazia uma mossas enormes, mas aí já descíamos parede, já rolava uns 360, e por aí foi indo... Muitas pranchas, pés-de-pato, algumas competições (nunca foi nosso foco, mas chegamos a ter bons resultados), boas amizades, algumas trips memoráveis em Guarajuba, aí vestibular, faculdade, ..., o bodyboarding sempre alí, como coadjuvante, como um elo de ligação.

Em 1997 um grande marco em nossas vidas: A Escolhinha 360 Graus de Bodyboarding. Além de nós dois, Márcio Torres, Edgard Demétrio, Fátimo Cerqueira, Luis Melo e alguns que ficaram menos tempo, como Fábio Beitchola, Léo Chileno, Bruno Biligui, Manzinho. Aulas gratuitas aos sábados, chegamos a ter mais de 70 uma única vez. Os primeiros "surf-treinos", depois Circuito 360 graus (alguns valeram como Baiano), a criação da Associação Esportiva e Cultural 360 Graus, a formação de monitores, depois instrutores (a 2a geração: Anderson Gordo, Duda, Júnior Dedão, Roberto Rander, Marcelo "Cafetão", Eric Pires, Danilo "Forest", ....). Aí veio a Escola Gênesis, com suas várias edições, liderada pelo incansável e visonário Márcio, e tantos e tantos talentos sendo revelados, sendo o maior ícone o atual campeão mundial Uri Valadão (a primeira competição foi conosco, ele gurizinho nem 360 sabia dar.... logo depois estava voando alto por aí). Surgiram vários adolescentes querendo pegar onda, hoje são grandes pessoas e profissionais, ainda pegando onda. Teve também o belíssimo Criançada nas Ondas, projeto social que também acompanhei não ativamente, que revelou por exemplo o Marcos Paulo, campeão Amador do Cobra D'Água Bodyboarding Show. Há poucos anos, a FEBEB - Federação Baiana de Bodyboarding, aí já Fátimo e Márcio tomando a frente, eu de fora por opção. Aprendemos a ser professores, juízes, beach-marshals, locutores, somadores, diretores técnicos, produtores de evento, ..., acima de tudo amigos. Vivemos grandes momentos nas épicas "resenhas" que fazíamos. Ríamos, brigávamos, chorávamos, ..., amávamos o que fazíamos. Era o que importava.

Me afastei um pouco disso tudo com a chegada do 1o filho, responsabilidades gerenciais crescentes no Sepro, e forte envolvimento com o JavaBahia. Sinto falta, mas não culpa, pois sei que cada um tem seus momentos. Mas nesse início de maio/2009 aconteceu algo que não dá para passar despercebido: A 1a Etapa de Mundial realizada em nossas águas. Lembrei-me dos saudosos Brasileiros (Cashmere Bouquet, com aqueles Castelinhos na estrutura) em Stella Maris, onde vi talentos como Tâmega (ele novinho, ao vivo vi um El-Rollo de Drop-Knee, caindo de Belly.. fiquei boquiaberto!), Xandinho, Paulo Esteves, Veronica Costa, as irmãs Isabela e Mariana Nogueira, Glenda, Francisco Rosa, Marcelo Siqueira, Rogério Seixas... estive até no free-surf ao lado de alguns deles, como o pioneiríssimo Marcus Cal Kung. Época boa...

Mas, voltando, foi na área VIP desse mundial que Duda, o fã número 1 de GT, disse algo marcante: "Foram vocês que começaram isso tudo. Sem a 360 graus, talvez nada tivesse acontecendo.". Me senti orgulhoso e minimamente responsável por tudo. Coisa boa né?!?!

Hoje, na hora da entrega da premiação, maior chuva e eu (e Andrei a tiracolo) na área dos atletas junto com Rander e esposa, quem aparece? O lendário Mike Stewart tirando algumas fotos. Eu comecei a surfar e ele já era ídolo, capas e capas de revistas. Os primeiros filmes que vi de BB. Não pensei 2x e, com a ajuda de Beto, registramos o momento histórico. Taí.

Valeu Mike!

Não sei porque mas acho que esse dia encerrou um ciclo. Iniciou outro. Tô com uma vontade danada de voltar a surfar com alguma frequencia (2 ou 3 vezes por ano não conta né?) e quem sabe voltar a dar uma mínima contribuição a esse esporte que tanto amo. Veremos.