Chapado de vinho barato
Sem rumo, trôpego, a vagar
Cachorro perdido no mato
Procurando abrigo no lar
Ofereci humilde carona
E o cabra, na cara durona
Topou, danou a conversar
Retirou coelho de cartola
Trago aqui a minha viola
Vocês me deixam tocar?
É claro, venha de lá!
E não é que o danadinho
Era até bom de dedilhado?
Mesmo cantarolando torto, enrolado
Bem que conseguiu agradar
Seguiu prosa longa, cumprida
Mas num de repente, assunta
O nosso artista cala, soluça
Reflete e manda a pergunta:
Posso dar um arrotinho?
Eita, lá vem o esparro
Pensei eu, o motorista
Esse inusitado artista
Vai vomitar no meu carro
Agradeço a São Pinguço
Por me livrar do caô
Numa lucidez de rompante
Pediu violeiro, suplicante:
Me leva pra casa, por favor?
E foi assim, desse jeito
Que esse personagem perfeito
Cambaleando e cantando
Sumiu
Só nos deixou essa estória
Do bebum mais louco e engraçado
Que um show dos Normandos
Já viu
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