sábado, 24 de março de 2012

Me Leva Pra Casa, Por Favor?

Chapado de vinho barato
Sem rumo, trôpego, a vagar
Cachorro perdido no mato
Procurando abrigo no lar

Ofereci humilde carona
E o cabra, na cara durona
Topou, danou a conversar

Retirou coelho de cartola
Trago aqui a minha viola
Vocês me deixam tocar?
É claro, venha de lá!

E não é que o danadinho
Era até bom de dedilhado?
Mesmo cantarolando torto, enrolado
Bem que conseguiu agradar

Seguiu prosa longa, cumprida
Mas num de repente, assunta
O nosso artista cala, soluça
Reflete e manda a pergunta:
Posso dar um arrotinho?

Eita, lá vem o esparro
Pensei eu, o motorista
Esse inusitado artista
Vai vomitar no meu carro

Agradeço a São Pinguço
Por me livrar do caô
Numa lucidez de rompante
Pediu violeiro, suplicante:

Me leva pra casa, por favor?

E foi assim, desse jeito
Que esse personagem perfeito
Cambaleando e cantando
Sumiu

Só nos deixou essa estória
Do bebum mais louco e engraçado
Que um show dos Normandos
Já viu

terça-feira, 20 de março de 2012

Um Falso Herói

Sempre me vesti
De alguém que nunca esteve aqui
Eu procurei fantasiar
A perfeição que já não há

Na minha capa de herói
Eu tropecei sem perceber
Agora o coração me dói
Só de pensar não ter você

Vou ter que simplesmente aceitar
Que só o seu amor não me bastou
Vou reviver, remexer, retorcer
Recolher, remover, renascer
E enfim vou poder me olhar
E me reconhecer

Me perdoar e prosseguir
Sem meus falsos poderes
Apenas a minha sede voraz
De aterrizar, acalmar
E somente caminhar
Ao teu lado
E em paz