quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Reto Circular

Fui direto, cego, branco e tonto
Tateando em pleno pranto
Ando sempre procurando o que não sei se sei
Encontrar

Onde dará esse meu caminhar?

Vagando debaixo dessa chuva
Me perdendo em mim mesmo e sonhando
A cada esquina em teu braço
Esbarrar

Em que ponto do espaço pretendo chegar?

Linhas tortas dos meus desenganos
Nesse mundo se passaram tantos anos
Vou seguindo mesmo assim
Reto circular

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A Lei das Expectativas Frustradas

Desde que era adolescente
Tenho a teoria emergente
Que vai acabar o tormento:
De onde vem os atritos
Qual a causa raiz dos conflitos
De todo relacionamento?

Como nem tudo é perfeito
Paixão que abafa defeito
Cedo ou tarde vira pranto
Pois o parceiro, pobrezinho
Não lê pensamento vizinho
Assim é quebrado e encanto

O outro fica emburrado
Briga, xinga, faz barraco
Fala mais do que devia
E o companheiro, coitado
Só frustou, desavisado
Aquilo que nem sabia

Desejo que vai, projetado
Fora jamais avisado
Aí a coisa complica:
Não é feito o esperado
Sumariamente é condenado
Contra-argumentar só dá briga

Esse simples fundamento
Se não compreende, lamento
É plena a certeza na crença
A mãe de qualquer desavença
Apenas quatro palavras:
Lei das Expectativas Frustradas

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Tipo Assim Nada a Ver

Hoje eu acordei
Pensando em escrever
Uma canção que fosse
Tipo assim sem nada a ver

Talvez uma demolição de um prédio ou
Um vagão ali abandonado na estação
Um gato solitário no jardim, um som ruim
Um frasco quebrado no chão

Quem sabe um galho, um talho,
Um leito, um trato desfeito
Um prato, um sapato, um avião

Um verso bem chinfrim, sem nexo
Um filho, um fato, um pai perplexo
Um parto, um prego, um ponto, um furacão

Pois é, passei pensando o dia todo em vão
Frustrado desistindo, saiu nada não
Cabei, papel em branco, caneta na mão

Então dormir, sonhar
Entrar num mar sem fim
Sem conseguir enfim fazer
Uma canção que seja tipo assim
Meio sem nada a ver

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

MilagReza

Milagre vem esperado
Reza santo reza ateu
Pede muito pede alto
Agradece e nem recebeu

Ajoelha pede benção
De olhos fechados breu
Pensamentos lhe atormentam
Pesado parece fardo seu

Vem do alto iluminado
Conforto no coração deu
Enfrenta resignado
Mazelas que já esqueceu

Sol acorda já brilhado
De paz vida se encheu
No espelho daquele quarto
Vê o rosto do bom Deus